Atualizado em 12 de julho de 2023

CURIOSIDADES DO MES- MUSEU DA EDUCAÇÃO DE SURDOS

Neste submenu apresentamos algumas curiosidades mensais do MES - Museu da Educação de Surdos.

Janeiro

A curiosidade deste mês diz respeito a um acontecimento com enorme importância na educação de Surdos a nível mundial. Trata-se do Congresso Internacional de Educadores de Surdos de Milão. Neste Congresso, realizado entre 6 e 11 de setembro de 1880, participaram representantes de vários países, com relevo para a Itália e França. Mas não foi permitida a entrada de docentes surdos.
Entre as principais conclusões salienta-se: “O Congresso, considerando a incontestável superioridade da linguagem oral sobre a de sinais na reintegração do surdo-mudo à sociedade, permitindo a mais perfeita aquisição de conhecimento, Declara: que se deve dar preferência ao Método Oral ao invés do método de sinais para a educação e ensino do surdo-mudo”.
No Museu da Educação de Surdos existem as Atas deste Congresso numa edição do Instituto Nacional de Educação de Surdos (INES) do Rio de Janeiro.

Fevereiro

Neste mês relembramos a inauguração, no dia 26 de fevereiro de 1893, do Instituto de Surdos Araújo Porto. Durante muitos anos este Instituto foi responsável pela educação de crianças e jovens com surdez, sobretudo raparigas. Funcionava em regime de internato e de semi-internato. A sua atividade findou em 2008. No Museu da Educação de Surdos temos vários documentos respeitantes a este Instituto, nomeadamente:

- Notícia do Comércio do Porto de 28 de fevereiro de 1893 sobre a Inauguração do Instituto de surdos-Mudos
- Programas de ensino (1894)
- Regulamento provisório (1897)
- Visita de El-Rei D. Manuel II- novembro de 1908
- Curso Pedagógico normal de habilitação de professores de surdos-mudos
- Regulamento e programas (1919)

Estes documentos estão, também, disponíveis no site do Projeto REDES.

Março

Em março de 1984, a Equipa do Ensino especial integrado da DGES de Aveiro, realizou em Vale de Cambra, as “Primeiras Jornadas Científico-Pedagógicas sobre deficiência auditiva”. Estas jornadas tiveram como oradores principais dois investigadores alemães que apresentaram os desenvolvimentos mais avançados, na época, relativos à educação de Surdos. No seguimento destas Jornadas foi publicado um livro de Atas que faz parte do acervo do Museu da Educação de Surdos.

Abril

Neste mês de abril recordamos que foi há 15 anos (em 11 de abril de 2008) que o Agrupamento Eugénio de Andrade foi reconhecido como agrupamento de referência de educação bilingue de alunos Surdos, ao abrigo do Decreto-lei 3/2008. Apesar de muitas vezes incompreendidos e até pouco apoiados, dezenas de docentes do Agrupamento vinham já a defender, há muitos anos, a Língua Gestual Portuguesa como 1ª língua da comunidade surda e um ensino bilingue para os alunos surdos com quem trabalhavam na Escola de Paranhos. O reconhecimento como Agrupamento de referência foi e é, também, uma forma de homenagear esses pioneiros da educação de surdos.

Maio

Neste mês relembramos alguns equipamentos antigos que eram utilizados na terapia da fala com alunos surdos. Nos anos 1980 e 1990, a perspetiva de trabalho com estes alunos era centrada no oralismo, pelo que o desenvolvimento da fala e linguagem assumiam um papel central. Na ausência de profissionais específicos nesta área, o trabalho era desenvolvido por docentes especializados. Usavam-se vários equipamentos para a “correção da fala”, nomeadamente os sinalizadores de frequência fundamental, nasalidade e fricativas. No Museu da Educação de Surdos existem vários exemplares destes equipamentos.

Junho

No mês em que passa mais um aniversário do falecimento do Doutor António Vieira Ferreira, recordamos o seu forte contributo para a criação do Gestuário, chefiando a equipa deste Projeto. O Gestuário foi publicado em julho de 1991, tem como base listagens de palavras incluídas em “linguagem oral e ortografia”, do Centro Nacional de Investigação da Universidade de Lisboa, em 1983, e ainda a do “Português fundamental” do Instituto Nacional de Investigação científica, de Lisboa, em 1984. Foi uma obra fundamental para o conhecimento da LGP. No Museu da Educação de surdos temos vários exemplares desta obra, nomeadamente, na sua versão original.

Julho

O “Grito da Gaivota” de Emmanuelle laborit é um livro fundamental e de referência para quem se interessa pela educação de Surdos. Nele se relata, de forma autobiográfica, a vida de uma
pessoa surda, desde a infância até à idade adulta, com as suas dificuldades, dilemas e superações. Uma curiosidade mais: foi difícil conseguir editora portuguesa para este livro, pois todas consideravam que não era uma obra muito vendável. Finalmente, a Associação de Famílias e Amigos das Pessoas Surdas conseguiu encontrar quem o fizesse. No Museu da Educação de Surdos temos um exemplar assinado pela autora aquando do lançamento do livro na Escola Básica de Paranhos.

Agosto

A Secção da Escola Preparatória Gomes Teixeira que funcionava nas instalações da Escola Industrial e Comercial Aurélia de Sousa foi extinta pela Portaria nº 459/79 publicada em Diário da República, a 23 de agosto de 1979. No seguimento deste acontecimento foi criada a Escola Preparatória de Paranhos e os alunos surdos da Secção da Escola Preparatória Gomes Teixeira transitaram para a nova escola.

Setembro

Dia Mundial do Surdo e da Semana Mundial dos Surdos!

Esta data celebra-se no último domingo do mês de setembro por iniciativa da ONU, para comemorar a criação da Federação Internacional dos Surdos, em 1951. Tem como objetivo chamar a atenção da população em geral e da classe política em particular, para as conquistas da comunidade surda. Simultaneamente, a Federação Mundial dos Surdos comemora também a Semana Internacional dos Surdos, na última semana de setembro, desde 1958, durante a qual se realizam marchas, debates, campanhas e exibições, com o objetivo de reunir as organizações das pessoas surdas por todo o mundo, as suas famílias, as organizações políticas, os intérpretes de língua gestual e o público em geral, para dar visibilidade às necessidades das pessoas surdas, assim como reforçar os seus direitos.

Outubro

O documento deste mês de outubro do MES (Museu da Educação de surdos) foi elaborado em julho de 1978 por um grupo de professores da Secção da Escola Preparatória de Gomes Teixeira a funcionar na Escola Secundária de Aurélia de Sousa. Seria a partir desta Secção que se formaria mais tarde a Escola Preparatória de Paranhos (atual EB Eugénio de Andrade). Neste documento (manuscrito) faz-se uma proposta de organização do apoio a alunos surdos (então designados por deficientes auditivos) explicitando-se várias formas de integração, de acordo com as características dos alunos. Também se faz referência à necessidade de recursos especializados, como docentes de educação especial, terapeutas da fala e psicólogos. Muitos aspetos ali referidos ainda se mantêm com alguma atualidade. Com base nestes pressupostos e nesta proposta iniciou-se, no ano letivo de 1978/79, o apoio aos alunos surdos que, depois viriam a ser incorporados na Escola Preparatória de Paranhos quando esta foi inaugurada em 1979. Daí se poder afirmar que o trabalho de educação com alunos surdos nesta escola é mais antigo do que a própria construção do edifício escolar.

Novembro

No mês em que se comemora o reconhecimento constitucional da LGP como língua da comunidade surda, é importante relembrar o primeiro estudo linguístico sobre LGP, realizado em Portugal. O livro "Mãos que falam", publicado em 1980, da autoria de Isabel Prata, apresenta esse estudo da responsabilidade do Laboratório de Fonética da Faculdade de Letras de Lisboa.

Dezembro

Entre 1981 e 1992 a Drª Júlia Maria Rocha, professora na Escola Preparatória de Paranhos, construiu um Dicionário Ilustrado do Português Fundamental destinado à aprendizagem dos alunos surdos.
Este dicionário abrange os 2217 vocábulos que fazem parte do inventário do Português Fundamental. A escolha dos vocábulos foi feita por um grupo de investigadores do Centro de Linguística da Universidade de Lisboa.
Todo o trabalho bastante extenso encontra-se datilografado e, em grande parte, ilustrado pelo Dr. José Carlos Teixeira, também professor na Escola Preparatória de Paranhos, que colaborou com esta obra a partir de outubro de 1984.
Porém, em reunião com responsáveis do Centro de Recursos de Educação Integrada (CREI), realizada em 17 de março de 1992, na Escola de Paranhos, foram dadas instruções para ser interrompido o trabalho de ilustração.
O trabalho de vários anos nunca seria publicado e até, em parte, encontra-se perdido pois os originais enviados para o CREI nunca foram devolvidos.
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